quarta-feira, 28 de março de 2012

AULA 4 - A ecologia como metáfora política: limites do pensamento ratzeliano



Na aula 4, discutimos as diferentes heranças do pensamento ratzeliano. A primeira parte da aula foi dedicada ao modo pelo qual a Filosofia Racionalista pareceu ter influenciado o desenvolvimento da geografia ratzeliana em seu momento inicial, presente nas obras Antropogeografia e Geografia Política. Argumentamos, por exemplo, o limite da suposta acusação determinista dentro do pensamento do autor, observando que não há uma conexão direta entre as formas naturais e os graus de desenvolvimento. Revelamos a influência da visão organicista e ecológica de Haeckel no seu pensamento, deixando claro que o cerne de sua obra era a discussão da política, do Estado, da fronteira e do povoamento. Também descartamos qualquer concepção estática para a Geografia ratzeliana, uma vez que o aspecto que causa a polêmica em sua obra nos séculos XIX e XX é justamente o dinamismo que ele prevê para os fatos políticos. De um modo geral, Ratzel procurava encontrar leis gerais para o desenvolvimento de uma Geografia Moderna. Por outro lado, discutimos como há um relativo esquecimento de sua contribuição presente em Völkerkunde (traduzida para o inglês como History of Mankind), no qual se apresentam descrições de povos e análises que remetem mais às tradições românticas do que propriamente ao pensamento racionalista. Nesse sentido, a perspectiva ecológica parece ter se transformado ao longo de sua trajetória acadêmica.

terça-feira, 20 de março de 2012

AULA 3 - Vidal de la Blache e a institucionalização da Geografia Francesa


Na aula 3, discutimos se a imagem criada sobre a Escola Francesa de Geografia é perfeitamente compatível com a obra de Paul Vidal de la Blache. Tentamos quebrar alguns sensos comuns: primeiro, negamos sua obra como marcada por um empirismo cego, subjetivo e gratuito; segundo, sugerimos diferenciações entre a obra de Vidal de la Blache e de seus contemporâneos, alunos e discípulos (Max Sorre, Jean Brunhes, De Martonne etc.); terceiro, apresentamos as diferenças entre sua obra nos momentos iniciais de sua carreira, ligada ao conceito de região como uma base fixa, e um momento posterior, no qual são escolhidos temas, métodos e categorias de análise que demonstram a evolução do seu pensamento; quarto, também defendemos que, apesar da política não ser um objeto frequente na obra de Vidal de la Blache, ela se constituía em uma finalidade, pois a perspectiva vidaliana tentava valorizar a utilidade do conhecimento geográfico para o Estado francês, seja através da modernização da gestão pública, seja por intermédio de algumas consultorias estratégicas em caráter internacional.

terça-feira, 13 de março de 2012

AULA 2 - Elisée Reclus e o excepcionalismo na Geografia


Na aula 2, nós discutimos o interesse da obra de Elisée Reclus para o desenvolvimento da Geografia. Salientamos, em primeiro lugar, como a sua obra parece constituir um elo entre os naturalistas e viajantes e a Geografia Moderna desenvolvida a partir de 1870. Destacamos também como sua contribuição é, de forma geral, anterior àquela de Vidal de La Blache e Ratzel, entre outros. Também notamos a influência do pensamento romântico alemão no seu desenvolvimento intelectual, tendo ele sido aluno de Carl Ritter na Universidade de Berlim. Sua obra geográfica traduzia o interesse nas relações sociedade-natureza através do prisma do Romantismo, buscando uma ligação espiritual harmônica e livre através da contemplação. Citamos alguns de seus objetos de estudo como diferenciados em relação aos mais comuns da Geografia em seus primórdios: as cidades e algumas relações de poder apareciam na obra geográfica de Reclus, ao contrário de outros geógrafos de sua época. Procuramos, por último, questionar alguns lugares-comuns que parecem reduzir a avaliação de Reclus - é problemático, por exemplo, classificar a sua obra geográfica de anarquista ou libertária. Tais classificações se referem a sua vida política ativa, mas, na maior parte de sua obra, se tratam de sentidos secundários ou mesmo ausentes. Sugerimos também que sua obra geográfica pode ser recuperada para a avaliação de uma perspectiva ecológica que foi absolutamente inovadora na sua realização em pleno século XIX.

sexta-feira, 9 de março de 2012

AULA 1 - Os lugares comuns do conhecimento geográfico




Na primeira aula, discutimos alguns dos lugares comuns do conhecimento geográfico: falamos sobre como as escolas nacionais, os conceitos, a interpretação dos autores clássicos através de revisões de críticos e as próprias definições de Geografia tenderam a simplificar o modo pelo qual entendemos nossa área profissional. Estabelecemos como objetivos do curso realizar um retorno aos textos clássicos e, ao mesmo tempo, dotar os recém-chegados ao curso de uma base para pensar no modo pelo qual investigamos o mundo. O programa do curso pode ser baixado aqui.