quarta-feira, 18 de abril de 2012

AULA 6 - Hartshorne e os limites do excepcionalismo





Na aula 6, discutimos The Nature of Geography, o livro de Richard Hartshorne que estabelece uma revisão dos limites da Geografia Moderna até aquele momento. Fortemente inspirado nas diferentes discussões da Geografia Alemã, Hartshorne sugere uma proposição de Geografia que seria um ponto de equilíbrio entre as inspirações românticas e racionalistas. A Geografia se constituiria, segundo a sua visão, em uma ciência concreta que deveria procurar, em primeiro lugar, explicar e compreender o mundo e, se possível, converter suas discussões em sistemas classificatórios, leis gerais etc. De acordo com o autor, não deveríamos confundir o objetivo da Geografia, que seria estudar as inter-conexões de variáveis complexas na superfície terrestre com a procura de uma ciência que se exprimisse apenas através de leis gerais. Hartshorne procurava encontrar as condições para que a Geografia se desenvolvesse além dos limites definidos pela escola francesa, ultrapassando o excepcionalismo, mas sem desprezar a descrição de totalidades como um produto possível do conhecimento geográfico. Também deveríamos evitar a simplificação dos determinismos geográficos. Curiosamente, a obra de Hartshorne parece ter motivado simultaneamente a realização de estudos de caráter romântico e de caráter racionalista. Como geógrafos, nossas habilidades se diversificavam, assim como os produtos que oferecíamos a sociedade: poderíamos realizar o trabalho através de diferentes escalas, com metodologias variadas, através de escolha de diferentes variáveis.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

AULA 5 - Lucien Febvre e a redução da Geografia




Na aula 5, discutimos como a disputa por recursos e ideias influenciou o desenvolvimento da Geografia Francesa no contexto das ciências sociais na primeira metade do século XX. Na medida em que Vidal de La Blache e Ratzel faleceram em 1904 e 1918, a tarefa de participar do debate entre as ciências sociais se mostrava dividida entre diversos geógrafos, sem que nenhum deles tivesse a autoridade ou a liderança nessa disputa. Lucien Febvre, historiador e discípulo de Vidal de La Blache, assumiu boa parte do debate sobre o interesse da Geografia diante das críticas sociológicas direcionadas por Marcel Mauss, entre outros. Ao responder pela Geografia, Febvre acabava por projetar os próprios interesses da História em sua resposta: a Geografia aparecia como um conhecimento subordinado à História, baseado na Filosofia Romântica e em suas técnicas descritivas, limitado ao mundo visível, relativo em primeiro lugar à natureza e dependente da estabilidade dos fenômenos. Nesse processo, todos os esforços de racionalização do conhecimento geográfico foram deixados de lado e todos os vícios da Geografia foram atribuídos à Geografia Alemã e a figura de Ratzel. Com isso, se tornava mais fácil fazer frente à morfologia social da Sociologia e sua carga racionalista. A Geografia seria então reduzida e simplificada, traduzindo boa parte da concepção daquilo que hoje chamamos de Geografia Tradicional.